O QUE PODEMOS ESPERAR DO MERCADO IMOBILIÁRIO DEPOIS DO CORONAVÍRUS?


O mercado imobiliário começou 2020 com o “pé direito”: a expectativa dos especialistas reforçava uma alta de 3%, destacando o setor como um dos motores da economia para este ano. Além disso, segundo o IBGE, o PIB (Produto Interno Bruto) da Construção Civil aumentou 0,3% em 2019 – a primeira alta desde 2014.

Esses dados geraram muito otimismo para construtoras, incorporadoras e imobiliárias. No entanto, essa confiança deu lugar a cautela. Toda a economia começa a se preparar para o novo cenário que se desenha com a propagação do coronavírus no País. Então, o que podemos esperar do setor de imóveis?

O Brasil já enfrentou diversas situações e teve que se adaptar a diferentes períodos da economia mundial e nacional. Em 2008, por exemplo, a crise imobiliária dos Estados Unidos refletiu de forma negativa em todo o mundo. Mas foi justamente nesse pós-crise que a economia brasileira começou a dar sinais de prosperidade.

De acordo com levantamento global feito em 54 países pelo Banco de Compensações Internacionais (BID, na sigla em inglês) – instituição que funciona como o banco central dos bancos centrais –, a valorização imobiliária no Brasil foi de 121% nos cinco anos seguintes ao período de 2008. Entre 2008 e 2011, a valorização anual ficou acima dos 20%.

E não para por aí: passamos por outra crise mais recente, que começou em 2014, originado pelo enfraquecimento na economia nacional, além das incertezas políticas. Até 2018, a crise econômica enfrentada pelo Brasil fez com que a taxa básica de juros Selic, por exemplo, chegasse à casa dos 14%, em 2015. Esse valor altíssimo teve um efeito negativo na oferta de crédito. Com isso, qualquer um que buscasse financiamento imobiliário precisava pagar juros muito volumosos, o que diminuiu a procura. Os primeiros sinais de melhora no setor vieram no primeiro semestre de 2018.

Essa recuperação deu fôlego para o que temos atualmente: o mercado da construção civil representa uma média de 8% a 10% do PIB nacional, o que significa que sua retomada impulsionou a economia do País. No último ano, por exemplo, o setor foi responsável pela criação de cerca de 117 mil novos postos de trabalho. Esse breve histórico traz a reflexão de que passamos por muitas crises e podemos, sim, contornar mais uma.

Sabemos que vamos ter grandes transformações e, por isso, algumas medidas são necessárias. Por exemplo, adiar lançamentos de novos apartamentos é uma decisão urgente a ser tomada neste momento. A ideia é não aglomerar pessoas em um dia só apenas para criar um clima favorável para vendas; é fundamental que os empreendimentos do setor sigam todas as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Na ausência dos atrativos estandes, uma alternativa pode ser reforçar os tours virtuais pelos sites para que os potenciais clientes possam navegar pelos apartamentos. E sabemos que nesse ponto a tecnologia pode ajudar: o uso de vídeo e fotos profissionais, em um giro em 360° dos imóveis em anúncios, é uma solução muito conhecida e que pode ser incentivada ainda mais nesse período. A realização das negociações, o envio de documentação e a assinatura de contrato de forma online também podem ser uma resposta positiva ao cenário atual.

É claro que comprar um apartamento não é tão simples como comprar uma roupa, mas pode ser mais descomplicado do que parece. Nesse momento, com as pessoas em casa, é comum observar que elas gastem mais tempo procurando novas possibilidades de negócios.

Não queremos aqui ficar presos em uma “bolha” de otimismo, que ignora uma possível crise no setor imobiliário. Sabemos que o aquecimento que estávamos vivenciando deve diminuir consideravelmente no próximo trimestre. No entanto, também não podemos ser pessimistas: há muito para ser feito nesse setor; pensar no digital pode ser a solução. Vamos juntos?

Fonte: AECWeb