Apartamento entre 10 m² e 45 m² é uma tendência

Por aqui o movimento ainda é de dois e três quartos liderando as vendas e a intenção de compra do consumidor médio, mas, em outros (grandes) centros urbanos, imóveis compactos são cada vez mais uma tendência. Como forma de atender à demanda dos tempos modernos – de crise econômica, orçamento enxuto, outros interesses –, incorporadoras vêm apostando em apartamentos de até 10 metros quadrados e ajudando a aquecer o mercado imobiliário.

Segundo números do Sindicato da Habitação (Secovi) no estado de São Paulo, a venda de plantas com menos de 45 m² proporcionalmente mais que dobrou nos últimos quatro anos. Somente este ano, seis de cada dez imóveis vendidos na capital paulista tinham essa dimensão. Em Curitiba (PR), o grupo D. Borcath oferece apartamento a partir de 16 m². De acordo com o diretor Douglas Borcath Filho, a grande vantagem é o valor atrativo.

“Imóveis pequenos têm uma grande vantagem, que é um valor mais atrativo, além de representar um excelente investimento, tanto para quem quer construir um patrimônio com maior liquidez, como para quem pretende morar em uma localização mais estratégica. Apartamentos de um dormitório são mais fáceis também de rentabilizar por meio de locação, e utilizando de aplicativos”, diz Borcath Filho por meio da assessoria.

Para o presidente da Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário da Bahia (Ademi), Cláudio Cunha, a tendência reflete uma mudança de comportamento por parte do comprador de imóvel, não significando, porém, “que outros modelos não tenham mais mercado”. De acordo com dados enviados pela assessoria da entidade, no primeiro semestre de 2019 3.922 unidades residenciais foram comercializadas entre as empresas associadas – a maioria de dois e três quartos.

Segundo Cunha, o produto atende às “novas gerações” – o jovem consumidor do primeiro apartamento; o aposentado que resolveu “reduzir os custos para viajar mais”.

“O jovem que está comprando o seu primeiro apartamento quer uma boa localização, infraestrutura urbana, acesso fácil aos meios de transporte, como metrô, carro compartilhado. Quer conforto e bem-estar e uma área suficiente para habitar, e outras para socializar. Aí esses empreendimentos costumam oferecer uma boa academia, lounge, investe em mobiliário com design”.

Ainda segundo ele, já existe em Salvador, no bairro da Graça, edifício de apartamento quarto e sala compacto; e até o final do ano, no bairro da Barra, outros dois empreendimentos deverão ser lançados com essa proposta. “É um produto geralmente de alto padrão, atualizado, para um público exigente. E, pela própria área reduzida, tem um valor menor, claro, o que representa um bom investimento”, diz.

Customização

De acordo com o dirigente, “é algo que o público começa a exigir”. “Quem está aposentado, ou os filhos cresceram, pode querer reduzir os custos, se desfazer de um imóvel maior, viajar mais”, fala ele.

Presidente da Associação Baiana das Administradoras de Imóveis e Condomínios (Abai), Manoel Teixeira destaca que a customização dos espaços, o compartilhamento de bens e serviços, é algo natural e que veio para ficar. Segundo Teixeira, não demora para “vingar” por aqui. “A praticidade é algo bonito, que infelizmente o Sul e o Sudeste (do país) enxergam primeiro. As pessoas estão vendendo carro para andar de Uber”, afirma.

MAIS SOBRE O INVESTIMENTO

Valor reduzido Essa é uma das maiores vantagens de comprar um apartamento pequeno – eles são mais baratos. Quando comprados à vista, a economia, claro, é ainda maior. Mesmo financiados, eles saem mais em conta. Imóveis menores são sinônimo de parcelas menores

Fácil de mobiliar Mobiliar um imóvel menor é muito mais fácil e barato. Com bom gosto e disposição, é possível decorar e equipar o apartamento com peças de qualidade e sem pesar no bolso. Casas grandes demandam uma quantidade maior de móveis. Caso contrário, fica a sensação de que o ambiente está vazio, o que não é problema no apartamento menor

Limpar e organizar Tanto para quem contrata faxina como para quem cuida sozinho da higienização e organização do ambiente, tudo fica mais fácil. Um apartamento pequeno requer um menor investimento de tempo e dinheiro. O ideal é adquirir só o necessário, já que o espaço é escasso

Manutenção A manutenção de um apartamento pequeno envolve menos custo. Prova disso é que quanto menor a casa, menores são os gastos com conta de água, luz. Gastos com reparos e reforma também tendem a ser menores quando a metragem é reduzida

Revender ou alugar Eles são mais fáceis também de vender e alugar, tanto que os apartamentos de um quarto são os preferidos dos investidores. No entanto, os imóveis de dois quartos continuam os mais procurados pelo brasileiro de um modo geral

Localização Um dos aspectos que mais contam na valorização e qualidade de um imóvel é a localização. É muito importante avaliar qual a infraestrutura do bairro, como é a segurança, quais linhas de ônibus passam no local, que estabelecimentos comerciais estão abertos na região e assim por diante.

Fonte: A Tarde